quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ana Yacy de Almeida Bezerra relembra época em que conviveu com Rosemary


"Gostaria de falar dessa colega de faculdade, Dra. Rosemary Souto Maior, quando a conheci, na memorável casa do saber, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, onde me orgulho de ter estudado e convivido com pessoas maravilhosas, competentes e éticas, como as que tive a oportunidade ímpar de conhecer e de sedimentarmos uma grande amizade.

Muito jovens ainda, cheias de sonhos de Justiça que permeavam nossas mentes, vi a colega Rosemary se destacar, a cada instante no convívio acadêmico, nas aulas, nas pesquisas, nos debates, enfim em toda a nossa trajetória, naquela que foi um local de resistência contra as injustiças de uma difícil época.

Rosemary, amiga solidária estava pronta a nos ajudar em tudo que necessitássemos e estivesse ao seu alcance, seja nas dificuldades que algumas tínhamos em conciliar a maternidade com a faculdade, seja na interpretação de algum texto legal. Momento que desempenhava com muita maestria, ou mesmo em pequenas aflições do nosso dia a dia.

Alegro-me quando lembro do nosso trio de estudos: eu, Rose e a amiga Vera. Muitas vezes nos encontrávamos em minha residência para estudarmos e bebermos bastante da vasta e fácil assimilação da nossa orientadora acadêmica, Rosemary. Ela, como pessoa muito simples e honesta, fazia fluir seus conhecimentos, nos quais absorvíamos a essência para conseguirmos avançar na nossa busca.

Agradeço a ela pelo muito que recebi da sua constante e inesgotável paciência. Essa colega de fibra, como poucos, nos presenteou muitas vezes com a batalha pelas melhorias da universidade, pela união da nossa turma, pela busca de material para enriquecimento dos nossos conhecimentos jurídicos. E, com muita garra para lutar pelo que acreditava, chegou até onde está, mesmo sabendo que ao longo das muitas batalhas travadas pela eficácia da Justiça, haveria perdas pessoais e muitos sacrifícios, os quais não a impediram de bravamente erguer essa bandeira tão nobre e necessária ao nosso país. 

Vinda de uma bela e simples família, cujo sobrenome já ecoava em diversos espaços acadêmicos, seria ela mais uma a conquistar, de forma justa e honesta, um lugar de destaque nesse campo de batalha pela justiça aos que dela necessitam. Convivi com Rose durante todo o período da Faculdade de Direito, com ela lutei pela oportunidade do título de Bacharel, concluindo o almejado sonho em 1982, com uma linda e tocante cerimônia, na frente da nossa tão querida faculdade, ao lado de respeitáveis mestres e queridos colegas, entre eles, a amiga Rosemary.

A vida nos levou a outros espaços, mas nunca nos separamos espiritualmente e sempre vi seu exemplo de vida militante, como exemplo a perseguir. Em Natal, onde passei a morar, busquei meu foco de luta na Infância e Juventude, onde permaneço tentando ser um pouco útil ao público alvo que sonhei um dia, na vida acadêmica, defender. Enquanto a amiga, agora tão respeitada promotora de Justiça, Dra. Rosemary, não menos do que esperávamos, permanece honrado a imagem da Justiça, cumprindo fielmente com o nosso juramento feito no dia da formatura, na turma que jamais esquecerei, “Professor Giovanni Cribari”, tendo como patrono, o professor Luiz Pinto Ferreira.

Por tudo que fostes e continuas sendo, amiga Rosemary, gostaria de na minha pequena retrospectiva de vida acadêmica, dedicar a minha nobre colega, o meu afetuoso reconhecimento, pelo muito que se dedica a causa daqueles que clamam por justiça, acompanhando de longe mas não com menos interesse, a sua brilhante e corajosa trajetória de servidora da Justiça, fazendo ecoar os brados dos que sofrem por ausência de luz no convívio social.

Gostaria de homenageá-la com as palavras escritas pelo paraninfo da nossa turma de 1982, que muito retrata o seu fazer profissional: 'Enquanto inexistir um sistema jurídico que assegure uma efetiva participação de toda a comunidade nos bens da vida, de modo a proporcionar, a cada indivíduo, um mínimo de condições indispensáveis a uma existência digna; enquanto tal sistema, assim concebido, não tenha como suporte básico um poder judiciário independente, apto a possibilitar a todos o acesso ao Direito, através de uma prestação jurisdicional que realize, com eficácia, a correta aplicação da lei violada, impossível é atingir-se o Estado de Direito Democrático e, em consequência, a almejada JUSTIÇA SOCIAL. A luta pela JUSTIÇA SOCIAL é a luta de todos quantos se dedicam ao verdadeiro Direito'. Prof. Octávio de Oliveira Lôbo."

Ana Yacy de Almeida Bezerra é especialista em Direito da Infância e Juventude, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, atualmente servidora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

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